segunda-feira, 9 de abril de 2012

PATROLOGIA E PATRÍSTICA 07 - Policarpo de Esmirna - São Policarpo de Esmirna

Policarpo de Esmirna (c. 69 — c. 155) foi um bispo (ou superintendente, sendo no grego Epískopos) de Esmirna (atualmente na Turquia) no segundo século. Morreu como um mártir, vítima da perseguição romana, aos oitenta e seis anos. É reconhecido como santo tanto pela Igreja Católica Romana quanto pelas Igrejas Ortodoxas Orientais.

É um dos grandes Pastores Apostólicos, ou seja, pertencia ao número daqueles que conviveram com os primeiros apóstolos e serviram de elo entre a Igreja primitiva e a igreja do mundo greco-romano.

Vida e obras

Policarpo foi ordenado bispo de Esmirna pelo próprio João Evangelista. De caráter reto, de alto saber, amor a Igreja e fiel à ortodoxia da fé, era respeitado por todos no Oriente. Com a perseguição, o Santo bispo de 86 anos, escondeu-se até ser preso e assim foi levado para o governador, que pretendia convencê-lo de negar a Cristo. Policarpo, porém, proferiu estas palavras: "Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal tenho recebido Dele. Como poderei negar Aquele a quem prestei culto e rejeitar o meu Salvador?".

Nascido em uma família cristã por volta dos anos 70, na Ásia Menor (atual Turquia), Policarpo dizia ser discípulo do Apóstolo João. Em sua juventude costumava se sentar aos pés do Apóstolo do amor. Também teve a oportunidade de conhecer Ireneu, o mais importante erudito cristão do final do segundo século. Inácio de Antioquia, em seu trajeto para o martírio romano em 116, escreveu cartas para Policarpo e para a igreja de Esmirna.

Nos dias do Papa Aniceto, Policarpo visitou Roma, a fim de representar as igrejas da Ásia Menor que observavam a Páscoa no dia 14 do mês de Nisan. Apesar de não chegar a um acordo com o papa sobre este assunto, ambos mantiveram uma amizade. Ainda estando em Roma, Policarpo conheceu alguns hereges da seita dos Valentianos (inclusive Valentim), e encontrou-se com Marcião, o qual Policarpo denominava de “primogênito de Satanás”.

A Carta de Policarpo

Apesar de escrever várias cartas, a única preservada até a data, foi a endereçada aos filipenses no ano 110.

O Martírio de Policarpo

O martírio de Policarpo é descrito um ano depois de sua morte, em uma carta enviada pela Igreja de Esmirna à Igreja de Filomélio. Este registro é o mais antigo martirológio cristão existente. Diz a história que o procônsul romano, Antonino Pio, e as autoridades civis tentaram persuadi-lo a abandonar sua fé em sua avançada idade, a fim de alcançar sua liberdade. Ele entretanto, respondeu com autoridade: “Eu tenho servido Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou? Eu sou um crente”!

No ano 155, em Esmirna, Policarpo é colocado na fogueira. Milagrosamente as chamas não o queimaram. Seus inimigos, então, o apunhalaram até a morte e depois queimaram o seu corpo numa estaca. Depois de tudo terminado, seus discípulos tomaram o restante de seus ossos e o colocaram em uma sepultura apropriada. Segundo a história, os judeus estavam tão ávidos pela morte de Policarpo quanto os pagãos, por causa de sua defesa contra as heresias.

Fonte: Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Epístola de Policarpo aos Filipenses

A Epístola de Policarpo aos Filipenses (também chamada de Aos Filipenses), foi escrita por Policarpo de Esmirna, bispo da cidade, por volta de 110-140 d.C. e endereçada à comunidade cristã da cidade de Filipos.

Ireneu de Lyon a descreve assim:

“Há também uma poderosa epistola escrita por Policarpo aos Filipenses, de onde os que desejarem e estiverem ansiosos por sua salvação podem aprender o caráter de sua fé e a pregação da verdade”.   

História

A Epístola de Policarpo é uma resposta a um pedido vindo dos próprios filipenses, no qual eles pedem a ele que os envie algumas palavras de exortação de fé, que repasse adiante uma carta para a Igreja de Antioquia e que os envie também quaisquer epístolas de Santo Inácio que ele pudesse ter. O segundo pedido é muito relevante, pois Inácio havia pedido às igrejas de Esmirna e Filadélfia que enviassem mensageiros para congratular a Igreja da Antioquia pela restauração da paz. É de se supor, portanto, que ele tenha dado instruções similares aos filipenses quando esteve em Filipos. Este é um dos muitos pontos de harmonia perfeita entre as situações relatadas nas epístolas inacianas e na Epístola de Policarpo, o que torna quase impossível impugnar a veracidade das primeiras sem também de alguma forma manchar a reputação da última, que é uma dos textos com história melhor documentada da antiguidade. Como resultado, alguns extremistas, anti-episcopalianos do século XVII e membros da Escola de Tübingen no século XIX rejeitavam simplesmente a carta de Policarpo. Outros tentaram provar que as passagens na qual ela se harmoniza melhor com as cartas de Inácio eram interpolações posteriores.

Conteúdo

Nesta carta, Policarpo enfatiza a fé em Cristo, e o desenvolvimento da mesma através do trabalho para Cristo na vida diária. Também faz alusão à Epístola de Paulo aos filipenses e usa citações diretas e indiretas do Antigo e Novo Testamento, atestando-os como canônicos. Na mesma carta, ele repete muitas informações recebidas dos apóstolos, especialmente de João. Por isto, ele é uma testemunha valiosa da vida e da obra da Igreja primitiva no segundo século.

Policarpo exorta os filipenses a uma vida virtuosa, às boas obras e à firmeza, mesmo ao preço de morte, se necessária, uma vez que tinham sido salvos pela fé em Cristo. As sessenta citações do Novo Testamento, das quais trinta e quatro são dos escritos de Paulo, evidenciam seu profundo conhecimento da Epístola do apóstolo aos filipenses e outras do mesmo Testamento. Ao contrário de Inácio de Antioquia, Policarpo não estava interessado em administração eclesiástica, mas antes em fortalecer a vida diária prática dos cristãos.

Fonte: Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Esmirna e seu pastor Policarpo...

A cidade de Esmirna, na antiguidade, foi por muitos anos uma cidade muito rica, antes de ser destruída totalmente no século VI a.C. Mais tarde, por volta do ano 300 a.C. foi reconstruída por Alexandre, o grande. Daí para frente, tornou-se uma das cidades mais importantes e prósperas da Ásia Menor. Ali foi erigido um templo à deusa Roma, uma vez que a cidade era aliada e fiel a Roma. Era também o porto natural de antiga rota comercial que atravessava o vale do Hermo, e seu interior era muito fértil. Atualmente a cidade chama-se Izmir, e é a maior cidade da Turquia Asiática. Esmirna era o local de uma das sete igrejas mencionadas na carta do apocalipse.

É muito importante analisarmos os escritos direcionados a Esmirna, por exatos, três motivos:

  1. Foi a mensagem de Cristo a uma Igreja constituída assim como a nossa, alertando-a sobre o caminho que deveria seguir;
  2. Sua mensagem não ficou restrita a igreja local de Esmirna. Ecoou através do tempo e espaço atingindo as igrejas estabelecidas entre o 2º e 3º século.
  3. Sua mensagem não se apagou durante os séculos, pois conseguimos identificar em nossos dias, situações que nos arremetem a lembrarmos de Esmirna. Seus problemas, dificuldades e a mensagem de Cristo a igreja.


Alguns poderiam dizer, e daí? Sua mensagem já se cumpriu por duas vezes, não há mais necessidade de atentarmos para o que está escrito! Infeliz engano! Aplica-se a Esmirna o mesmo que a Éfeso.

A Igreja de Éfeso teve que ouvir duras verdades sobre sua conduta diante de Cristo. Ela e todas as Igrejas compreendidas entre o 1º e o 2º século, no cumprimento escatológico da palavra. Isto não quer dizer que a Igreja de hoje não deve temer abandonar o primeiro amor. Somos tão passíveis de cair neste erro quanto os cristãos do primeiro século. Ou será que em nossos dias não há cristãos abandonando o primeiro amor? Vai ver, isso é coisa de 1º século!

É Fácil verificar! Será que nosso amor está nos conduzindo a uma estética cristã? Estamos mais preocupados com a maneira de vestir-se, falar e cortar o cabelo do que com o amor pelo próximo? Seja lá quem for o próximo. “Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade”. Ao abandonar o primeiro amor, nos fechamos às pessoas para explorar um falso senso de santidade. Então cuidemos de analisar Éfeso e Esmirna também.

A palavra Esmirna quer dizer mirra. Seu significado está intimamente ligado a Igreja. Vale lembrar que a mirra foi um dos três presentes ofertados ao menino Deus. A mirra é um arbusto que cresce nas regiões desérticas, especialmente na África (nativa da Somália e partes orientais da Etiópia) e no Médio Oriente. É também, o nome dado à resina de coloração marrom-avermelhada obtida da seiva seca dessa árvore (Commiphora myrrha). A palavra origina-se do hebraico maror ou murr, que significa "amargo". Para extrair do arbusto a substância usada na produção de perfumes e embalsamento de corpos, seus galhos e tronco são intensamente esmagados reduzindo-os a pequenos bagaços, só assim era possível extrair o aroma tão desejado por seus compradores.

A carta a Esmirna é a carta a Igreja perseguida. Esmirna é considerada pelos historiadores como o local do primeiro martírio cristão existente. A história da Igreja narrada por Eusébio em sua obra denominada "História Eclesiástica", nos conta que foi em Esmirna que Policarpo, um discípulo do Apóstolo João, e principal pastor da Igreja, foi martirizado no ano de 159 d.C. Os relatos indicam que o procônsul romano, Antonino Pius, e as autoridades civis tentaram persuadi-lo a abandonar sua fé e entregar seu rebanho, quando já avançado em idade e preso pelos seus inquiridores, respondeu com autoridade: ‘Eu tenho servido a Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou?”. A atitude de Policarpo levou-o a ser queimado vivo em praça pública.

A carta parece ser um prelúdio do que a Igreja iria passar. Um aviso do Senhor ao servo.

Assim como a mirra produzia sua fragrância através do esmagamento, esta Igreja foi completamente esmagada por todos os lados. A própria mensagem de Cristo atesta isso: “Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico)”. A perseguição tornava-se intensa, os bens da Igreja e de seus membros eram confiscados um a um, ao passo que de acordo com os olhos humanos estavam pobres, mas do ponto de vista do Senhor eram rico. Os cristãos de Esmirna foram literalmente esmagados, tornando-se um cheiro de perfume suave para Deus. Esta Igreja não se apegou ao dinheiro, as riquezas, a luxúria, nem ao menos se entregou ao materialismo tão forte em nossa época.

Quando olhamos para Esmirna, tendemos a não achar falhas, críticas ou qualquer apelo à atenção, mas ao contrário do que se pensa, esta igreja também foi chamada à atenção: “Não temas as coisas que tens de sofrer”. O que me faz lembra de nossa situação neste mundo não cristão. Tememos ou não, sofrer? Sejamos sinceros ! E veremos o quanto à carta a Esmirna está atualizada para os nossos dias.

A carta revela ainda duas mensagens muito importantes que refletem a preocupação de Cristo com sua Igreja. “Tereis tribulação de dez dias”. Aqui o número dez costuma ganhar o significado de pleno e completo. De modo que, a Igreja passou por uma tribulação até as ultimas consequências, tendo seu pastor, Policarpo, queimado vivo em praça pública. O que automaticamente para as autoridades romanas seria o suficiente para desmantelar o cristianismo em Esmirna.

Mas pela graça absoluta de Deus, o que foi feito para destruir a Igreja, deu a ela força e vigor pelas palavras de fé, fidelidade, coragem, determinação e confiança no seu Salvador, expressas por Policarpo.

A mensagem chegou a todas as igrejas velozmente, de modo que o ferimento causado a Igreja de Esmirna somente fortaleceu todas as Igrejas, através da fé demonstrada por Policarpo. Subindo como aroma suave a Deus e as demais Igrejas, fortalecendo-as. Esmirna foi esmagada e seu aroma deu novo ânimo a todos os cristãos. Policarpo não renunciou, não voltou atrás, não teve por preciosa a própria vida.

Muitos devem ter pensado - Tudo o que ele disse a respeito de Cristo tem que ser verdadeiro a ponto de sacrificar a própria vida pela promessa de Deus. Todos foram fortalecidos em Cristo e encorajadas pelo testemunho de Policarpo.

Esta foi à palavra de Deus a Policarpo e a igreja pastoreada por ele, “Sê fiel até a Morte...”.

Ao morrer Policarpo cumpriu a vontade de Cristo, foi fiel até a morte e alcançou a promessa da coroa da vida...

E quanto a nossa geração, se for preciso, ..., e quando for preciso, estaremos dispostos a levantar a bandeira do Cristianismo e sermos fiéis até a morte?


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São Policarpo de Esmirna

Comemora-se no dia 23 de Fevereiro

Nascido em uma família cristã da alta burguesia no ano 69, em Esmirna, Ásia Menor, atual Turquia. Os registros sobre sua vida nos foram transmitidos pelo seu biógrafo e discípulo predileto, Irineu, venerado como o “Apóstolo da França” e sucessor de Timóteo em Lion. Policarpo foi discípulo do apóstolo João, e teve a oportunidade de conhecer outros apóstolos que conviveram com o Mestre. Ele se tornou um exemplo íntegro de fé e vida, sendo respeitado inclusive pelos adversários. Dezesseis anos depois, Policarpo foi escolhido e consagrado para ser o bispo de Esmirna para a Ásia Menor, pelo próprio apóstolo João, o Evangelista.

Foi amigo de fé e pessoal de Inácio Antioquia, que esteve em sua casa durante seu trajeto para o martírio romano em 107. Este escreveu cartas para Policarpo e para a Igreja de Esmirna, antes de morrer, enaltecendo as qualidades do zeloso bispo. No governo do papa Aniceto, Policarpo visitou Roma, representando as igrejas da Ásia para discutirem sobre a mudança da festa da Páscoa, comemorada em dias diferentes no Oriente e Ocidente. Apesar de não chegarem a um acôrdo, se despediram celebrando juntos a liturgia, demonstrando união na fé, que não se abalou pela divergência nas questões disciplinares.

Ao contrário de Inácio, Policarpo não estava interessado em administração eclesiástica, mas em fortalecer a fé do seu rebanho. Ele escreveu várias cartas, porém a única que se preservou até hoje foi a endereçada aos filipenses no ano 110. Nela, Policarpo exaltou a fé em Cristo, a ser confirmada no trabalho diário e na vida dos cristãos. Também citou a Carta de Paulo aos filipenses, o Evangelho, e repetiu as muitas informações que recebera dos apóstolos, especialmente de João. Por isto, a Igreja o considera “Padre Apostólico”, como foram classificados os primeiros discípulos dos apóstolos.

Durante a perseguição de Marco Aurélio, Policarpo teve uma visão do martírio que o esperava, três dias antes de ser preso. Avisou aos amigos que seria morto pelo fogo. Estava em oração quando foi preso e levado ao tribunal. Diante da insistência do pro cônsul Estácio Quadrado para que renegasse a Cristo, Policarpo disse: “Eu tenho servido Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Redentor? Ouça bem claro: eu sou cristão”! Foi condenado e ele mesmo subiu na fogueira e testemunhou para o povo: “Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o vosso nome adorável seja glorificado por todos os séculos”. Mas a profecia de Policarpo não se cumpriu: contam os escritos que, mesmo com a fogueira queimando sob ele e à sua volta, o fogo não o atingiu.

O martírio de Policarpo

O dia estava quente. As autoridades de Esmirna procuravam Policarpo, o respeitado bispo da cidade. Elas já haviam levado outros cristãos à morte na arena. Agora, uma multidão exigia a morte do líder.

Policarpo saíra da cidade e se escondera na propriedade de alguns amigos, no interior. Quando os soldados entraram, ele fugiu para outra propriedade. Embora o idoso bispo não tivesse medo da morte e quisesse permanecer na cidade, seus amigos insistiram em que se escondesse, talvez com temor de que sua morte pudesse desmoralizar a igreja. Se esse era o caso, estavam completamente equivocados.

Quando os soldados alcançaram a primeira fazenda, torturaram um menino escravo para que revelasse o paradeiro de Policarpo. Assim, apressaram-se, bem armados, para prender o bispo. Embora tivesse tempo para escapar, Policarpo se recusou a agir assim. “Que a vontade de Deus seja feita”, decidiu. Em vez de fugir, deu as boas-vindas aos seus captores, ofereceu-lhes comida e pediu permissão para passar um momento sozinho em oração. Policarpo orou durante duas horas.

Alguns dos que ali estavam com a finalidade de prendê-lo pareciam arrependidos por prender um homem tão simpático. No caminho de volta a Esmirna, o chefe da guarda tentou argumentar com Policarpo: “Que problema há em dizer ‘César é senhor’ e acender incenso?”.

Policarpo calmamente disse que não faria isso.

As autoridades romanas desenvolveram a idéia de que o espírito (ou o “gênio”) do imperador (César) era divino. A maioria dos romanos, por causa de seu panteão, não tinha problema em prestar culto ao imperador, pois entendia a situação como questão de lealdade nacional. Porém, os cristãos sabiam que isso era idolatria.

Pelo fato de os cristãos se recusarem a adorar o imperador ou os outros deuses de Roma e adorar Cristo de maneira silenciosa e secreta em seus lares, a maioria das pessoas achava que eles não tinham fé. “Fora com os ateus!”, gritavam os habitantes de Esmirna, enquanto buscavam os cristãos para prendê-los. Como sabiam apenas que os cristãos não participavam dos muitos festivais pagaos e não ofereciam os sacrifícios comuns, a multidão atacava o grupo considerado ímpio e sem pátria.

Então, Policarpo entrou em uma arena cheia de pessoas enfurecidas. O procónsul romano parecia respeitar a idade do bispo. Como Pilatos, queria evitar uma cena horrível, se fosse possível. Se Policarpo apenas oferecesse um sacrifício, todos poderiam ir para casa.

— Respeito sua idade, velho homem — implorou o procónsul.

— Jure pela felicidade de César. Mude de idéia. Diga “Fora com os ateus!”.

O procónsul obviamente queria que Policarpo salvasse a vida ao separar-se daqueles “ateus”, os cristãos. Ele, porém, simplesmente olhou para a multidão zombadora, levantou a mão na direção deles e disse:

— Fora com os ateus!

O procónsul tentou outra vez:

— Faça o juramento e eu o libertarei. Amaldiçoe Cristo!

O bispo se manteve firme.

— Por 86 anos servi a Cristo, e ele nunca me fez qualquer mal. Como poderia blasfemar contra meu Rei, que me salvou?

A tradição diz que Policarpo estudou com o apóstolo João. Se isso foi realmente verdade, ele era, provavelmente, o último elo vivo com a igreja apostólica. Cerca de quarenta anos antes, quando Policarpo começou seu ministério como bispo, Inácio, um dos pais da igreja, escreveu a ele uma carta especial. Policarpo escreveu, de próprio punho, uma carta aos filipenses. Embora não seja especialmente brilhante e original, essa carta fala sobre as verdades que ele aprendeu com seus mestres. Policarpo não fazia exegese de textos do Antigo Testamento, como os estudiosos cristãos posteriores, mas citava os apóstolos e os outros líderes da igreja para exortar os filipenses.

Cerca de um ano antes do martírio, Policarpo foi a Roma para acertar algumas diferenças quanto à data da Páscoa com o bispo daquela cidade. Uma história diz que, nessa cidade, ele debateu com o herege Marcião, a quem chamava “o primogênito de Satanás”. Diz-se que diversos seguidores de Marcião se converteram com sua exposição dos ensinamentos apostólicos.

Este era o papel de Policarpo: ser uma testemunha fiel. Líderes posteriores apresentariam saídas criativas diante de situações em constante mutação, mas a era de Policarpo requeria apenas fidelidade. ? ele foi fiel até a morte.

Na arena, a argumentação continuava entre o bispo e o procónsul. Em certo momento, Policarpo admoestou seu inquisidor: “Se você [...] finge que não sabe quem sou, ouça bem: sou um cristão. Se você quer aprender sobre o cristianismo, separe um dia e me conceda uma audiência”. O procónsul ameaçou jogá-lo às feras.

Policarpo disse: “Pois chame-as. Se isto fosse uma mudança do mal para o bem, eu a consideraria, mas não posso admitir uma mudança do melhor para o pior”.
Ameaçado pelo fogo, Policarpo reagiu: “Seu fogo poderá queimar por uma hora, mas depois se extinguirá; mas o fogo do julgamento por vir é eterno”.

Por fim, anunciou-se que Policarpo não se retrataria. O povo de Es-mirna gritou: “Este é o mestre da Ásia, o pai dos cristãos, o destruidor de nossos deuses, que ensina o povo a não sacrificar e a não adorar!”.

O procónsul ordenou que o bispo fosse queimado.

Policarpo foi amarrado a uma estaca, e o fogo foi ateado. Contudo, de acordo com testemunhas oculares, seu corpo não se consumia. Conforme o relato dessas testemunhas, ele “estava lá no meio, não como carne em chamas, mas como um pão sendo assado ou como o ouro e a prata sendo refinados em uma fornalha. Sentimos o suave aroma, semelhante ao de incenso, ou ao de outra especiaria preciosa”.

Quando um dos executores o perfurou com uma lança, o sangue que jorrou apagou o fogo.

Este relato foi repassado às congregações por todo o império. A igreja valorizou esses relatos e começou a celebrar a vida e a morte de seus mártires, chegando a coletar seus ossos e outras relíquias. Em 23 de fevereiro, todos os anos, comemoravam o “dia do nascimento” de Policarpo no Reino celestial.

Nos 150 anos seguintes, à medida que centenas de outros mártires caminharam fielmente para a morte, muitos foram fortalecidos pelos relatos do testemunho fiel do bispo de Esmirna.


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POLICARPO

Policarpo foi um discípulo pessoal do Apostolo João, e foi bispo de Esmirna por muitos anos. Em sua velhice foi preso pelos romanos, e morreu heroicamente como mártir.

Sento grande afeto para vocês e pelos que enviaram a Esmirna para a honra de Deus; pelo qual também lhes escrevo com agradecimento ao Senhor, e tendo amor a Policarpo o tenho também a vocês. Ignácio (105 d.C.)

Os Efésios de Esmirna lhes saúdam, desde onde lhes estou escrevendo. Estão aqui comigo e me confortaram em todas as coisas, junto com Policarpo, bispo dos esmirnos. Ignácio (105 d.C.)

Escrevemos-lhes, irmãos, um relato do que sucedeu aos que sofreram martírio, e em especial ao abençoado Policarpo, que pôs fim à perseguição, tendo posto sobre ela, por assim dizê-lo, o selo de seu martírio. Martírio de Policarpo (135 d.C.)

Dizendo estas (palavras de valor) e outras coisas, (Policarpo) ia enchendo-se de valor e gozo, e seu rosto se encheu de graça, de maneira que não só não se desmaiou ante as coisas que lhe diziam, senão que, ao invés, o procônsul estava assombrado e enviou a seu próprio heraldo a proclamar três vezes no meio do estádio: “Policarpo confessou que é um cristão.” quando o heraldo teve proclamado isto, toda a multidão, tanto de gentis como de judeus que viviam em Esmirna, clamou com ira incontrolável e grandes gritos: “Este é o maestro de Ásia, o pai dos cristãos, o que derruba nossos deuses e ensina a muitos a não sacrificar nem adorar.” Dizendo estas coisas, a grandes gritos pediram a Felipe que soltasse um leão a Policarpo. Mas ele disse que não podia fazê-lo legalmente, já que já tinha dado por findos os jogos. Então eles decidiram gritar unânimes que Policarpo devia ser queimado vivo. Martírio de Policarpo (135 d.C.)

Policarpo não só foi instruído pelos Apóstolos e tratou com muitos daqueles que viram a nosso Senhor, senão também pelos Apóstolos em Ásia foi constituído bispo da igreja em Esmirna; a ele o vimos em nossa idade primeira, muito tempo viveu, e já muito velho, sofrendo o martírio de modo muito nobre e glorioso, saiu desta vida. Ensinou sempre o que tinha aprendido dos Apóstolos, o mesmo que transmite a igreja, as únicas coisas verdadeiras. Disto dão depoimento todas as igrejas do Ásia e os sucessores de Policarpo até o dia de hoje. Irineu (180 d.C.)

Também existe uma muito valiosa carta de Policarpo aos filipenses, na qual podem aprender os detalhes de sua fé e o anúncio da verdade quem queiram preocupar-se de sua salvação e saber sobre ela. Irineu (180 d.C.)

Nesta forma, só as igrejas Apostólicas podem apresentar suas listas (até a idade apostólica), como a de Esmirna, que afirma que Policarpo foi instituído por João, e a de Roma, que afirma que Clemente foi ordenado por Pedro. Tertuliano (197 d.C.)

Irineu e outros registraram que João o teólogo e Apostolo sobreviveu até os tempos de Trajano; depois daquele tempo, Papías de Hierápolis e Policarpo, bispo de Esmirna, foram ouvintes seus e chegaram a ser bem conhecidos. Eusébio (320 d.C.)

Neste tempo floresceu em Ásia Policarpo, um discípulo dos Apóstolos, que tinha recebido o bispado da igreja de Esmirna de mãos de testemunhas e ministros do Senhor. Eusébio (320 d.C.)


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